Eu sei, de vez em quando vem a guerra porque não somos somente paz. Mas escute, amor: a guerra é lá fora, contra quem quiser pisar na sua cabeça. Eu não quero. Eu sou fraca. O amor é fraco. O amor já se entregou. E se isso não tiver graça, eis a hora de partir, pois não é amor o que você procura. Eu só posso lhe oferecer a experiência assustadora e aterrorizante de ser amado.
(...)
Então, o que se salva senão o intangível, senão os gestos que construímos em silêncio, de olhos fechados? E de olhos fechados, sonhei que você voltava dessa guerra e entrava embaixo de minhas cobertas: era o lugar mais quente depois que nada disso importava mais. Eu te abraçava bem forte, sem nada perguntar, porque o modo como você aquecia os meus pés friorentos era mais bonito do que tudo, tudo.
 
Rita Apoena
 

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